Cortesia é um comportamento de transigência. Transigir
significa facilitar, aceitar, compartilhar, permitir. Enfim, é o ato de
procurar entendimento e semelhança entre conceitos através do uso do bom senso.
A indulgência é um comportamento semelhante; assemelha-se àquilo que compõe o
fundo, ou seja, o impulso de conciliar idéias e buscar a empatia.
Nem sempre somos iguais em tudo; enquanto a indulgência
esquece as diferenças e acentua os pontos positivos, a cortesia favorece o
equilíbrio das opiniões. Não que devamos concordar com tudo o que encontramos
pela frente, mas sim buscar o equilíbrio pela fina arte de transigir o que há
de comum. Muitas vezes entramos mesmo em terrenos agrestes ao nosso
entendimento, mas sabemos, ainda assim, onde estamos pisando. Cede-se por
pequenos trechos para logo mais adiante sair do atalho. Na verdade o que
importa é o fundamento do diálogo, da conversa.
Quantas vezes nos sentimos contrariados em pequenos
detalhes? No entanto, no contexto da conversa nivelam-se os critérios de
entendimento. Mais adiante acabamos por aceitar e até mesmo passamos a ver de forma
correta alguns conceitos que tínhamos como absolutos.
Acontece aqui a ofensa ao nosso orgulho. Triscado,
reclama voraz o seu posto de forma a perpetuar seu território íntimo formado ao
longo de duras eras.
Mas o que estamos falando aqui é da cortesia. A cortesia
quebra as fibras destes vínculos milenares do ego. Ela substitui gradativamente
a réplica instintiva de antes e dá ao seu interlocutor a oportunidade de fazer
o mesmo através da comparativa de atitudes.
O homem cortês abre mão de si em pequenos instantes e
outorga ao seu irmão, o conforto de se sentir valorizado.
Portanto, amigos, ser cortês é ser caridoso, é dar
consideração ao irmão como a si mesmo. Ser cortês é demonstrar, muitas vezes,
condescendência com as dificuldades dos outros; é entender que erramos e que
somos iguais uns aos outros.
Ser cortês é raciocinar sobre a lei do amor e dar ao
irmão o tratamento que recebemos do Pai celestial. F.L.